terça-feira, 7 de julho de 2009

O "cara"




Durante toda a minha vida, a minha mãe e meu pai sempre incentivaram tanto eu quanto minha irmã a ouvir música. Música boa, óbvio. Meus pais tinham gostos diversificados, eu confesso, mas tinham bom gosto. Meu pai era mais clássico. Gostava de Roberto Carlos, Bee Gees, Elvis. Minha mãe era mais rock, pop e música brasileira. Ela curtia de Chico Buarque a Rolling Stones. Tenho sorte. Posso não ser “expert” em música, mas durante a minha vida pude ouvir muita coisa boa e decidir o que eu queria que fosse música para os meus ouvidos. Ainda pequena me lembro de ver o Michael Jackson e ficar viajando. Minha mãe dizia: “- Eu via o desenho dos Jackson 5 na infância”. Eu achava aquilo sensacional. Meus pais gravavam shows, clipes e eu herdei isso deles. Ainda bem. Se não fosse isso hoje eu não teria tanta coisa do cara que eu ainda pequena escolhi pra ser o meu ídolo. Quem me conhece sabe que eu passei a minha vida toda enchendo o saco, falando que um dia eu ainda iria vê-lo. Nos meus aniversários todos eram bem-vindos, contanto que não tirasse a minha fita, DVD, ou cd do “cara”. É, ele era o “cara” e eu tive sorte de saber disso ainda criança. Odeio papinho de fã fanático, mas defendia ele com unhas e dentes de comentários maldosos e piadinhas sem graça. Torci pela sua absolvição (ele é inocente!). Descobri um defeito em mim que não conhecia: egoísmo. Sou egoísta pelo simples fato de não me conformar em não ter nascido antes, pra ir ao show do “cara”. Vivi até hoje com essa esperança. Por mais que rissem de mim eu falava com convicção que um dia eu estaria lá: grudada na grade, berrando, cantando e muito feliz. Eu falava sério, tão sério que hoje eu estou aqui desolada como se tivesse perdido um pouco de mim, mas de certa forma perdi mesmo. Não sei explicar bem o quê, mas perdi. Mas, sei também que ganhei muito. Ganhei a chance de poder passar pro meu irmão de 3 anos quem foi Michael Jackson. Passei tão bem que não tem desenho ou brinquedo no mundo que faça ele ficar sossegado como um DVD do “cara”. Assim como eu, ele também vai ter bom gosto e vai poder ver muita coisa, descobrir muita coisa, gravar muita coisa... Só lamento pelos outros: aqueles que virão, aqueles que só descobriram a história do Michael agora, aqueles que criticam por serem ignorantes (Michael é incontestável), e principalmente por aqueles que têm pais com péssimo gosto musical. Será que é seu caso?


Juliana Sampaio

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ju primeiro de tudo eu tenho q falar: escreveu muuuuuito bem!
    E sobre o "cara" lembro que não tem nenhum mês que vc tava falando com a gente na facul, sobre a sua admiração pelo Michael e do Luizinho tb! Ali, naquele hora a gente nem imaginava que alguma coisa aconteceria com ele, de uma hora pra outra!

    Durante todos esses dias, as vezes eu me pegava pensando: "Caramba meus filhos não poderão ter a sorte de ver o Michael". O que eles vão conhecer é a história, pq isso fica, não tem jeito. De artista, ele já virou MITO.

    Beijos, Dé.

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  3. Ju,
    deu pra expressar todo o seu carinho pelo "cara"! o texto ficou ótimo! e quanto ao nosso projeto? será que rola? de uma coisa eu sei: se vc topar vai render outro 10! hehe

    Arrasou!

    Isabela Lima

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